A nossa aldeia é a mais importante do mundo. Tal qual!
Tal qual a nossa família, a nossa casinha e concerteza que, a nossa
barriguinha!
A nossa aldeia, mesmo quando já lá não habitamos - ou tal facto, até
ajuda normalmente a concluir tal – ela foi e será sempre a nossa
terra, o nosso habitat, o nosso cantinho do mundo mais intocável; onde
temos as nossas raízes e onde encontramos daquele carinho especial,
como em mais nenhum lugar do mundo. E nutrimos a partir das velhas
lembranças, dos melhores estímulos. E bebemos a partir dos aromas mais
ancestrais, dos melhores alentos. E é a partir destes estímulos e
alentos, que nos seguramos e nos mantemos, bem firmes e até às mais
longínquas paragens – é aí mesmo, que mais podemos e devemos
engrandecer as nossas origens e sentir daquela salutar e muito
própria... saudade.
E cada aldeia, por mais pequena e modesta que seja conta as suas
histórias e acalenta e protege os seus, como mais nenhuma o poderá
fazer.
E como ponto perdido no mapa, no qual nunca constou, nem consta; lá
aparece na realidade no meio da paisagem, quando menos se espera.
Armando-se do chão todo o casario, enfileirado nas suas ruas
estreitas, a confluírem no largo central, dominado pela capela e pela
taberna da frente; como que a convidar a uma obrigatória paragem a um
qualquer peregrino ou a outro tipo de transeunte mais ou menos
cansado, mais ou menos desidratado!
E quase sempre fala-se das aldeias pelos piores motivos, associado a
catástrofes, acidentes, crimes e afins. Ainda bem que a minha aldeia
não vem no mapa, nem nunca constou dos noticiários.
Conhecida sobretudo, por estar no centro de duas das aldeias mais
famosas do país e por bons motivos, a Curia e o Luso, com o Bussaco
por cima, também com aldeia incluída e tudo. E de duas das mais jovens
cidades: Anadia e Mealhada – digamos que paredes-meias, mas com Grada
bem ao centro. Grada, podemos dizer, que é o Centro dos Centros, no
Centro do país.
Claro que a minha aldeia é também grande. Grande de Grade sem n e
ainda sagrada, de sã mais Grada.
Grada, vem obviamente pelos seus modos francos, de agradar; pelo
léxico, de sagrada e pela prova provada, proveniente de tanto trabalho
de transformação do solo em terra cultivada, de gradar.
Tirando este aparte “insuspeito”, não são muitas de facto as aldeias
famosas pelos melhores motivos, além das nossas, é claro. Recordo-me
assim de repente de umas tantas estâncias turísticas e de Vilar de
Mouros, de Vilar de Perdizes, de Vilar de Andorinho, o Vilar do
Paraíso, do Vilar do actual 1º ministro (Vilar de Maçada) pois é, do
Vilar de , de Vilar de...
A nossa aldeia mais incógnita, mas mais famosa por ser terra nossa e
que mantém mais ou menos incólumes, a sua identidade, o seu cenário, a
sua singeleza e que sobretudo, ainda sabe e conhece, os seus.
A nossa aldeia, é e ainda será, aquele nosso reduto mais intimista,
como um tesouro sempre presente a que temos direito. Usufruído pelos
seus poucos filhos, no prazer do reencontro e na recompensa do regresso.
Ó nossa aldeia mais desconhecida, mas que nos acolhe e nos ampara e
nos... responsabiliza!