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No passado 10 de Janeiro, o nosso Primeiro-Ministro anuncia publicamente, pela segunda vez, as estradas para o Pinhal Interior. Sem a pompa e circunstância da primeira vez, onde meninas galantes e vestidas a condizer com o cerimonial, davam simpaticamente as boas-vindas a todos; primeiro no concelho A, depois no B e por aí fora, a começar pelos próprios representantes locais; o que proporcionou cenas hilariantes e caricatas, mas… giras! Muito giras! Aliás, tudo muito giro - as meninas e as cenas daí resultantes!
Desta vez, o anúncio foi só em Leiria e (julgo que) sem meninas a enfeitar o evento. Não foi aquele desproporcionado e incansável terra-a-terra por alguns dos concelhos do Pinhal Interior, num frenesim anunciante para dar todas as garantias e trazer renovadas esperanças; mas foi. Ou melhor, voltou a ser!
O mais interessante, é que se na era socrática ocorreram dois anúncios, publicamente assumidos; estas obras sempre foram prometidas e anunciadas em diversas ocasiões pelos diversos governos! Um autêntico regabofe de anúncios e prometimentos sucessivamente adiados. Proponho até que baptizem o troço final (em falta) do IC8, como a “Estrada da Anunciação”!
A conclusão da IC8 encontra-se em “banho Maria” há já mais de 15 anos!!! Tratando-se do eixo principal e único que serve transversalmente o Pinhal Interior mais interior, e que liga(rá) - quando concluído – a A25 até ao litoral, deixa neste momento o maior vazio rodoviário do país. Entre Pombal, Tomar, Abrantes, Castelo Branco, Viseu e Coimbra; situa-se uma parcela extensa de território português quase vazio de ligações consentâneas com o restante panorama nacional e dos territórios sem nenhum (sequer) médio centro urbano. Com uma orografia acentuada, as ligações sempre foram difíceis e demoradas e os diferentes governos do país sempre relegaram para segundo e terceiro plano – para o fim, para último plano – este território bem no coração de Portugal. Este será o espaço físico de maior dimensão em que o fenómeno da desertificação humana mais se tem notado e… acentuado.
Porventura, o mal nacional é o de todos quererem tudo e… quanto antes. Nós, aqui, neste Interior também queremos o que ainda é essencial e prioritário; quase um direito democrático. Até percebemos que tenhamos que ficar para o fim, mas mais para trás é que não! Até entendemos que não se pode fazer tudo e ao mesmo tempo… até estamos conscientes de que é preciso racionalização nas medidas e contenção nos meios; mas.. mais de menos também não!
Mais… sugiro mesmo menos! Não é preciso fazer tudo o que Vª Ex.ª anunciou, como por exemplo; não será precisa uma auto-estrada (mais uma), o que uma boa IC resolve; não é preciso pôr portagens para sair ou vir para o Interior; e não é preciso fazer tudo ao mesmo tempo! Pois, que se comece por aqueles 20 Km’s de IC8 que já esperam e desesperam há mais de 15 anos!!! Para começar… seria um bom princípio e que poriam fim a tanto anúncio “barato” de tanta governação passada.