VIABILIDADE FINANCEIRA
Depois de muito termos visto e ouvido sobre a viabilidade financeira de empresas, culminando num encerramento maciço, das mais pequenas às maiores e mais poderosas; de assistirmos a um sistemático “viver acima das posses” por parte dos clubes desportivos, famílias e até das diferentes governações; eis-nos chegados a uma nova realidade. Ou melhor, eis que veio para a praça pública, o caso de um Município em falência técnica, que por sinal é o da minha residência (Castanheira de Pêra).
A primeira questão que levanto é: e será o único?
Mas outras questões terão que ser igualmente levantadas:
E não terá viabilidade financeira?
E o que é que o terá levado a isso?
E as suas populações o que é que fazem? O que é que sofrem? E qual é a sua culpa?
E todo o futuro de uma terra, como é que fica?
Claro que não se pode querer salvar tudo e não se pode injectar dinheiro por todo o lado; mas tem que haver compreensão, equilíbrio e ajudas a quem tem boas justificações e apresentar viabilidade. É, o próprio discurso oficial tem mudado; querendo agora concentrar esforços nas empresas com viabilidade.
Assim sendo, lanço ainda mais uma pergunta: tem ou não tem sentido terem ajudas suplementares os municípios com situações económicas complicadíssimas, nomeadamente relacionadas com projectos de garantida sustentabilidade futura e de enorme mais-valia regional e até nacional?
Pois; Castanheira de Pêra é um pequeno concelho do interior, com enormes potencialidades turísticas e que conseguiu associar a qualidade das paisagens (vertente sul da Serra da Lousã) à qualidade das suas águas, com a criação de duas notáveis praias fluviais – a Praia do Poço Corga e a famosa Praia das Rocas.
Ora, é inquestionável o sucesso e todos os demais efeitos benéficos que toda uma região está a ganhar com a criação da Praia das Rocas. Um projecto verdadeiramente mobilizador, com números de frequência turística que porventura mais nenhum projecto em concelho de interior é capaz de ter.
Acontece que foi necessário acrescentar mais serviços de qualidade e ordenar outros equipamentos, como alternativas e complementos essenciais a um produto de qualidade que continua em construção. Evidentemente, que tal necessitou de mais investimentos e que diariamente necessitam de manutenção e de serem valorizados. Aliás, tal facto faz-me lembrar um filho que ao estar quase a acabar um curso superior e depois de todo o esforço dele, dos pais e do próprio Estado, terá que desistir e por mais de uma dúzia de anos – que é mais ao menos o cenário que neste momento se coloca ao concelho de Castanheira de Pêra.
Não, não e não; o Governo tem que vir ajudar um concelho pequeno que fez um esforço monstruoso, mas em que a obra e o projecto estão aí. Ali à vista e que se pode ver e testar. Ali a ser utilizada – simplesmente a necessitar de uma ajuda derradeira; nomeadamente:
- porque o Município expropriou e comprou todos os terrenos; elaborou o projecto e demais estudos; tudo à sua conta (desta e de quase todas as outras obras e vias) – ao contrário de tanto outro projecto pelo país fora;
- porque o Município tem que garantir todos os serviços públicos com qualidade para uma população que pelo menos durante mês e meio quase que duplica. Tal como no Algarve, reclamo que as verbas mensais devam ser justificadamente e proporcionalmente aumentadas.
- porque o concelho tem turismo, tem gente e tem viabilidade.