José Porvinho Owner
Número de Mensagens : 216 Idade : 60 Emprego/lazer : Eng.Florestal/escritor/técnico Localização : Castanheira de Pera/Bairrada Data de inscrição : 26/11/2008 Sociavel : 10 Pontos : 5949
| Assunto: QUE FESTA! Qua Ago 19, 2009 5:54 pm | |
| QUE FESTA!
Não Sei se haverá festa mais verdadeira e genuína do que as touradas à corda da Terceira, nos Açores. E não comecem já os defensores dos direitos dos animais – que têm um estimável e importantíssimo papel na sociedade e para com os animais – a contestarem este meu texto; porque aqui (lá) ninguém bate no touro. Lá, só o touro é que está autorizado a bater. E mais, o touro ao contrário das outras touradas não é abatido. Aliás, o touro é que é o verdadeiro herói da festa. Lá, o touro pode ficar conhecido, senão mesmo famoso, granjeando imensa popularidade e levando a uma acesa disputa para o terem na sua festa – para conseguirem o melhor cartaz. Sim, lá, é o touro que faz a festa. Entre cada actuação, o touro recupera, descansa e enobrece. Existe um respeito pelo touro enorme. Respeito, admiração e todas as melhores mordomias. Por lei, o touro só pode voltar a actuar passados 12 dias. Na tourada das Fontinhas, no último 29 de Julho, a que assisti, antes de começar, fartou-se a Comissão de Festas de avisar que o touro 83 foi substituído pelo 75, o que lamentavam, pediam desculpas, mas que eram alheios ao facto. E ainda esclareciam que não pôde vir por razões de ordem física – ainda não estaria na sua melhor forma, pelo que o ganadeiro (também para não ficar mal nem para colocar em risco um dos seus melhores touros) achou por bem substituí-lo. Fiquei admirado e lembrei-me das manifestações anti-touradas que tem ocorrido um pouco por toda a parte e apeteceu-me reforçar o que tenho dito a algum contestatário. “Então não vês que se não houvesse touradas, já há muito que tinha desaparecido o touro bravo. Aliás, à semelhança de tudo o que é bravo e menos bravo no nosso país e não só. Por exemplo, o maior mamífero da Europa, o bisonte-europeu está em perigo de extinção – já se contam menos de 800! Ou pior, não se contam!!! Mas, além do mais, o touro é dos poucos animais que vivem no seu habitat e em quase total liberdade; sendo ainda alvo de todas as atenções, estudos e tratamentos no sentido do reforço e aperfeiçoamento das suas características mais naturais e nobres: a sua nobreza, num apuramento constante da bravura e valentia”.
O touro é bravo. O touro é bom. Pois, este é que é o 408. Então e eu não sei, vim cá de propósito.
Ouvia isto enquanto assistia à minha primeira tourada à corda. Fiquei siderado pelo ambiente, pela forma, pela tradição, pela força e... pela festa. Sim, e também pela coragem, entusiasmo e alegria de toda a gente. Um fenómeno de popularidade. Uma lição de bairrismo e de tradição. Uma enorme mais-valia turística. De facto, a Terceira parece viver em festa permanente. Até há quem considere o arquipélago dos Açores constituído por 8 ilhas e um parque de diversões (a Terceira)! E assim parece de facto, com tudo o que envolve os touros e as suas populares, únicas e espectaculares touradas. A capeia arraiana no concelho do Sabugal, também terá muitos dos ingredientes de festa semelhantes aos da Terceira. Em vez da corda, têm o forcão e claro, muita valentia, alegria e tradição.
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José Porvinho Owner
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| Assunto: Re: QUE FESTA! Qua Ago 19, 2009 5:56 pm | |
| Texto publicado no JN, de 13 Agosto 2009. | |
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