“Corremos Ceca e Meca” para aqui chegar. E agora que aqui chegámos, já queremos ir embora. Não é o pão-nosso de cada dia, mas acontece-nos vezes demais.
Existe uma procura quase impraticável e um descontentamento quase indecifrável; daquilo que queríamos só até o termos; e de onde desejaríamos estar, só até lá chegarmos. Deixando no ar, a ilusão de uma insatisfação desejada ou de uma insanidade consciente – o que nos atrapalha suficientemente o nosso viver, já por si demasiado atroz.
Se calhar, somos é demasiado exagerados nos Km.s que fazemos, uns exigentes do caraças na atenção que pretendemos e uns indecisos de primeira na procura dos nossos desejos e vontades mais evidentes.
Queremos e ansiamos sem saber muito bem o quê, como se ainda não nos conhecêssemos o suficiente. Se calhar, até é verdade. Pelo menos, ao nível do nosso mais intrínseco íntimo e do nosso mais sincero gosto, que brota de todos os nossos poros.
Outra sensação estranha, é a de que andamos normalmente atrasados em relação àquilo que nos acontece; e a de que estamos a ir a reboque de qualquer coisa, chegando igualmente fora de tempo, em relação àquilo que queríamos!
E depois claro, andamos descontentes demais e somos, cada vez mais difíceis de contentar.
Mas um dia destes, ainda havemos de acertar o passo, com o ritmo que a nossa vida devia ter e de apurar o gosto, com a maravilha que ela deveria ser!
2008