José Porvinho é um consultor rural. Nem parvinho, nem bêbado. Simplesmente Porvinho. Provavelmente estamos todos a precisar de um consultor rural. De voltar à ruralidade, aos valores que se perderam com a urbanidade. Com o corre-corre das grandes cidades que não nos perturbam o pensamento mas, simplesmente, não nos dão tempo para pensar.
Este "Zé Porvinho" é uma viagem. Pelos valores, pelos contra valores, pelos sentimentos, pelo poder, pela vida.
Mas é um registo de coragem. Sem truques, sem tabus, com horas e dias, mas sem tempo.
Escrever é um acto de liberdade. Faz parte das nossas vidas.
A intelectualidade não é um exclusivo dos intelectuais como escrever não é um poder absoluto dos escritores. É de todos. Escrevemos sempre, para nós, tão-somente, para os outros, para todos e às vezes por todos.
Percorrer a caneta pela narrativa ou pela poesia é sempre uma forma de nos libertarmos. Até podemos não mostrar a ninguém o que escrevemos, mas revelamos sempre pelo olhar o que escrevemos só para nós.
Este "Zé Porvinho" pode-se tornar de todos e para todos. Porque se trata de uma viagem. E não há como viajar para sentirmos que somos livres. Nestes registos diários encontramos essa liberdade.
Júlio Magalhães, em Nota de Abertura.