P. 229 - Chegámos a um ponto em que necessariamente temos que fazer uma introspecção nacional sobre o nosso sector primário. Porque tornámo-nos improdutivos demais. Perigosamente improdutivos. E desculpamo-nos comodamente, com um simples: Não dá!
Isto não dá! Aquilo não dá! Nada dá!
Umas tantas coisas davam, mas já não dão mais. E ainda, outras dão... dão, mas é trabalho! Aliás, muito trabalho!
Pois, e se alguma vez o trabalho fez calos, como agora é que nunca.
Depois, aqueles poucos resistentes, de mãos calejadas, praguejam renitentemente:
- Agora, são todos uns mimosos! Com meia pena e compreensão, entre outra meia crítica e preocupação.
P. 239 - temos receio das abordagens, nomeadamente daquela abordagem simpática, com falinhas mansas, saídas de um corpo jovem e elegante, coroada num rosto belo e cheio de expressões sensuais – que dificultam enormemente o nosso não. Pelo menos, aquele não redondo e seco. O único que resulta nestas circunstâncias.
P. 249 - As populações, fogem do chão que as criou, sem vislumbre de melhor futuro e sem esperança num mundo rural, cada vez mais ameaçado.
O contexto e a realidade nacional, comunitária e mundial, são outros e nós ainda não nos apercebemos.
E por fim, as árvores não falam, não fogem e sobretudo – não votam. Ai, se votassem!
De facto, a coisa está preta, como se costuma dizer, quando escasseiam as soluções e ainda por cima, tudo arde a uma escala nunca antes vista.
P. 259 - Tocamos directa e indirectamente, tanto do mundo e tantos dos que nos rodeiam, mesmo que muito fugazmente e indelevelmente; que nunca nos podemos resignar à caduquice da nossa influência particular e presença única por cá!
P. 269 - dei por mim a olhar para toda aquela gente enfileirada, subindo e descendo escadas apressadamente e aos magotes; quais cabras mais obedientes em pleno rebanho. De facto, parecemos todos, uma verdadeira carneirada, com pressa, ar resignado e cansado de… e para um habitual “recolher obrigatório”, todos sobrepostos numa mole de gente, que parecem sem gosto e vontade próprias – qual rebanho mais ordeiro e compenetrado, com pressa de chegar ao curral do seu contentamento, abastecimento e merecido descanso. Também, porque amanhã é já a seguir, com o mesmo ritmo de sempre e as mesmas razões de um quotidiano mais que trivial, repetido até à exaustão; mas que nos comandam e afligem suficientemente a “viola”.